“Nunca matei ninguém”: o que fazer quando você é acusado de homicídio sem ter puxado o gatilho 


Em casos de acusação por homicídio, a frase “nunca matei ninguém” é uma das primeiras ditas por quem procura um advogado. E, muitas vezes, ela é verdadeira — mas isso não impede a abertura de um processo criminal. Isso porque o Tribunal do Júri não julga apenas quem matou com as próprias mãos, mas também quem participou, incentivou, planejou, instigou ou assumiu o risco da morte de alguém, mesmo sem tocar na arma.

Neste post, explicamos como funciona a responsabilização penal por homicídio, quais as teses possíveis de defesa, qual o papel da prova e quando a atuação técnica pode fazer diferença entre uma prisão longa e uma absolvição estratégica. Este conteúdo é essencial para quem responde a uma acusação de crime doloso contra a vida, especialmente quando afirma com convicção: "eu não matei ninguém."

1. Por que alguém pode ser acusado de homicídio sem ter matado?
O Código Penal brasileiro prevê a responsabilização por coautoria e participação. Isso significa que, mesmo sem ter dado o golpe, puxado o gatilho ou desferido a facada, uma pessoa pode ser acusada de homicídio se:

  • Estava presente no local e não impediu a morte, mesmo podendo;
  • Levou a vítima ao local, sabendo do risco que ela corria;
  • Instigou ou incentivou o autor direto a cometer o crime;
  • Deu suporte logístico (como transporte, arma, vigilância);
  • Assumiu o risco da morte (dolo eventual), como em brigas coletivas.
Isso significa que o julgamento do Júri Popular muitas vezes envolve interpretação do contexto, e não apenas a ação física direta. É por isso que a atuação da defesa técnica se torna decisiva.

2. Como a defesa técnica atua em casos com coautoria ou participação?
A primeira tarefa da defesa é demonstrar que a conduta do réu não corresponde ao tipo penal imputado. Se a pessoa:
  • Estava presente, mas não agiu, pode haver tese de ausência de animus necandi (intenção de matar);
  • Agiu sob coação, pode-se pleitear excludente de ilicitude;
  • Estava no local, mas não sabia da intenção de matar, pode haver tese de participação sem dolo.
A defesa técnica vai trabalhar com prova, narrativa, análise jurídica e distinções finas entre tipos penais, para desqualificar a acusação de homicídio doloso e, se necessário, requerer desclassificação para crimes de menor gravidade (lesão corporal, omissão, favorecimento pessoal, etc.).

3. Quais provas fazem diferença em uma acusação injusta?
Em casos de coautoria ou participação indireta, as provas mais importantes são:

  • Reconhecimento fotográfico ou pessoal (com análise crítica de sua legalidade e validade);
  • Depoimentos de testemunhas (sobretudo se contraditórios ou sem elementos objetivos);
  • Gravações, mensagens e deslocamentos (que podem indicar ou negar prévio conhecimento ou intenção);
  • Câmeras corporais e perícias de local, quando disponíveis.
A defesa técnica atua não só para questionar a prova da acusação, mas para mostrar ativamente outra versão possível dos fatos, com coerência interna e respaldo normativo.

4. O que acontece se a pessoa for julgada pelo Júri mesmo dizendo que é inocente?
No Tribunal do Júri, a responsabilidade penal pode ser reconhecida por convicção dos jurados com base em indícios, contexto e narrativa, mesmo sem prova direta. É por isso que, ao afirmar “nunca matei ninguém”, o réu precisa, desde o início, de uma defesa técnica especializada, que saiba:

  • Narrar os fatos com precisão jurídica e humana;
  • Reforçar a ausência de dolo ou participação efetiva;
  • Expor dúvidas racionais que favoreçam a absolvição;
  • Pedir desclassificação para tipos penais não dolosos;
  • Combater vícios processuais, como reconhecimento ilegal ou prova contaminada.
O direito à ampla defesa não se cumpre sozinho. Ele exige estratégia, técnica, agilidade e narrativa coerente.

PERGUNTAS FREQUENTES

Se eu não toquei na vítima, posso ser condenado por homicídio?
Sim, se houver indícios de que você participou ativamente do contexto que levou à morte ou assumiu o risco do resultado.

Como posso provar que não matei?
Depende do caso. A defesa pode mostrar que você não estava no local, não sabia da intenção de matar, foi surpreendido, ou tentou evitar o crime. Tudo isso com base em provas materiais e testemunhais.

É possível ser absolvido mesmo se a acusação me aponta como partícipe?
Sim. Se a defesa demonstrar ausência de dolo, vínculo ou consciência sobre o desfecho letal, há margem para absolvição ou desclassificação do crime.

Quanto tempo dura um processo como esse?
Entre denúncia e julgamento em plenário, o processo pode durar de 1 a 5 anos, dependendo da comarca, da complexidade e da atuação das partes.

Se eu for condenado, a pena é sempre em regime fechado?
Não. A pena depende da dosimetria, dos antecedentes, da conduta no processo e de fatores como réu primário, confissão, colaboração e participação de menor importância.

 “Nunca matei ninguém” não é uma defesa — é o ponto de partida para construí-la

A frase “nunca matei ninguém” deve ser levada a sério. Mas ela precisa ser traduzida em linguagem jurídica, estruturada em provas e apresentada com precisão. No Tribunal do Júri, é a defesa técnica que transforma uma frase em tese, e uma tese em resultado.

Se você foi acusado de homicídio, mesmo sem ter atirado, esfaqueado ou golpeado alguém, procure orientação imediatamente. O tempo, o silêncio e a ausência de defesa especializada podem custar sua liberdade por anos — ou por toda a vida.

O núcleo Tribunal do Júri da Almeida Marques Advocacia atua com técnica, ética e estratégia na defesa de pessoas acusadas injustamente, réus primários e cidadãos que se viram envolvidos em contextos extremos. Cada pessoa tem direito a ser ouvida. E cada palavra precisa ser protegida por alguém que saiba como ela pode ser usada contra você.

Rigor técnico e estratégia jurídica clara


Comunicação contínua e orientações objetivas


Compromisso com a verdade dos fatos


Proteção contra a indiferença do sistema penal


ANÁLISE DA ACUSAÇÃO

Estudamos a denúncia e os fundamentos da acusação, com foco na responsabilização legítima e precisa.
Revisamos o inquérito, as provas iniciais e a forma como os fatos foram apresentados.
Apontamos lacunas e omissões que enfraquecem a responsabilização e deslegitimam a dor da vítima.

PREPARAÇÃO PARA O Júri

Acompanhamos o processo desde o início, estruturando com técnica os fatos e os pedidos probatórios.
Reforçamos a acusação com provas, testemunhas e coerência narrativa desde a fase de instrução.
Nosso papel é garantir que o caso vá a júri com densidade, clareza e solidez jurídica.

ATUAÇÃO NO JÚRI

Participamos das audiências e do plenário, sustentando a acusação com firmeza e responsabilidade.
Conduzimos a argumentação com base nas provas e na tese construída desde o início.

Intervimos para evitar omissões, distorções e perda de sentido na narrativa dos fatos.

REPRESENTAÇÃO DA FAMÍLIA

Representamos os familiares da vítima com escuta qualificada, presença firme e atuação responsável.
Atuamos como assistente da acusação em todas as fases, da denúncia ao plenário.
Nosso compromisso é com justiça, cuidado e integridade diante da dor e da perda.

Presença Nacional

Embora sediado em São Paulo, o escritório atua em todo o Brasil. Atendemos casos que envolvem o Tribunal do Júri em diferentes estados, com disponibilidade para viagens, sustentação oral, elaboração de memoriais, organização de dossiês e acompanhamento integral dos processos — desde o inquérito até o plenário e os recursos posteriores.

Nossos compromissos

  • Rigor técnico
  • Proporcionalidade
  • Escuta qualificada
  • Respeito à dor
PESSOAS COMUNS QUE VIVEM VERDADEIRAS TRAGÉDIAS

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